quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A ELOQUÊNCIA DO SILÊNCIO

A ELOQUÊNCIA DO SILÊNCIO

“...Ele, porém, nada lhe respondeu...” (Mt 15, 23)

À súplica daquela mulher, Senhor, respondeste com a não-palavra do silêncio. Certamente a escutaste, porém preferiste silenciar-Te. Nada disseste, mas ela soube mergulhar na eloqüência de tua não-palavra e conseguiu compreender-Te. Não foste indiferente a sua dor e nem banalizaste seu sofrimento; não lhe deste as costas, sabendo que a Ti era possível reconstruir a vida da filha oprimida pela tirania do Mal; não a ignoraste, como eu, não raras vezes, o faço diante da aflição do meu próximo, tua e minha imagem.

Ensina-me, Senhor, a sofrer, paciente Tuas demoras; a esperar que tua não-palavra se converta em palavra-vida! Torna-me capaz de suportar as provas que purificam o amor e a esperar, confiante, a chegada de tua hora! Dá-me uma fé audaz e inquieta, como a da mulher cananéia, que não desmorona ante a resposta dita em silêncio, mas insiste e persiste na esperança do amor que não decepciona, na esperança em tua palavra que não confunde o coração. Fortalece-me, a fim de que eu não me desespere e nem me acomode frente aos horrores do Mal que aniquila vidas e entenebrece a história, que desumaniza o homem e o aliena.

Dá-me um coração vigilante, para saber escutar teu silêncio; um coração obediente, para saber acolhê-lo; um coração sábio, para saber compreendê-lo. Torne realmente videntes os olhos do meu coração, para que, pelo amor, se torne visível a mim o dom do Pai que és Tu e seja capaz de acolher-Te, hoje e sempre, nesta pequena mistura de tudo e nada que sou eu. Amém!

3 comentários:

Leandro Luís disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leandro Luís disse...

Nossa! Que belo!! Como é difícil na correria da vda notar a presença de Deus... tambémm, nos incomoda o silencio prórpio, mais ainda o do Mestre dos Mestres!

Parabéns meu amigo, Continue falando a nós sobre que amamos!

Anônimo disse...

Ótimo texto Jéfferson... Quanto amor Ele consegue nos transmitir a partir do silêncio! Porém, quão difícil perceber esse amor em meio ao barulho interno e externo de nossos dias...

Bela reflexão! Obrigado por nos brindar com estas linhas...

Grande abraço!